quarta-feira, 5 de junho de 2019

Soneto III

Nos gatinhos encontro o fedor
E em gozo no peito acaba.
Deseja nos pentelhos, ao redor
Do cu, que eu leve a baba.

Um grande anjo exterminador
Enquanto a gente se enraba.
Outra punheta pra ela, Senhor!
Insomnia na madrugada...

Dos pés eu imagino o cheiro
E meu pau já cresce. Dos pelos
Nem falo, senão o punheteiro

Ja goza.  Se no grelo pervertidos
São os toques, viro conselheiro:
Vem logo gozar nos meus dedos.

OU

Dos pés eu imagino o cheiro C
E meu pau já cresce. Dos pelos D
Nem falo, goza o punheteiro C

Num instante. Se no grelo pervertidos D
São os toques, viro conselheiro: C
Vem logo ouvir meus latidos.  D

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Poemas da Primavera de Um Ano Atrás

Eu sonhei e desejei
Agora calmo e dormente sei
Que miseravelmente falhei

Menina dos meus olhos

Flores de pedra

Rainha celeste
Durma seu sonho de jardim
Na estação das cores
Onde lhe entreguei pedras no lugar de flores

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Sono pinga gota noite a dentro
Teus olhos governam

Teus olhos por trás do vidro
Nada enxergam
Nem o brilho da joia
Nem a carta de amor

Tão verdadeiro como seu cabelo amarelo

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Algo belo e raro

Todas as coisas que habitam a pele da noite
Que se alimentam do frio escuro
Que crescem na umidade
Que tem uma cor pálida
Que dão frio no estômago e assustam
De manhã se escondem por entre as flores
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Resumo da ópera desse amor inalcançável;

O Tempo o digeriu.

domingo, 3 de agosto de 2014

Alheio à nós

O hiato da noite solta e bela
De inverno vestido de primavera
Como poderia eu adivinhar e respirar
As coisas do tempo que faz sentir como ontem estivesse em meus pés?

E na penumbra da lua que sobe céu noite a dentro

Preciso sentir algo no peito que não seja vazio
Preciso embotar a parede vazia da minha cabeça com algum tom frio
Sem demora antes que o tédio ferruge minhas engrenagens
Diante desses pequenos olhos de pássaro senti-me grande

Mas somos de tempos diferentes e você precisa ir pra casa

Quando voltar na estação desta cidade cinza
Irei lembrar de você vestida como uma primavera
E do ruído insensível dos carros enquanto o sinal abria
Tudo isso faz-me querer ficar um pouco mais

Mas o tempo que me rege é forasteiro

Eu estava contente e isso que importa agora
O mais importante
é como essa memória ira envelhecer e ser esquecida
Nos últimos dias desse mesmo céu azul de ontem

No mesmo céu de fim de mundo pagão

Noite a dentro de olhos abertos no escuro
Um cego de dentro que tateia o lençol
Meu desespero calmo e silencioso
Velou um sorriso no teu peito

Floresceu alguma prece no firmamento

Te dar a mão quando não tiver mais opção
Quando chegar a hora de ser mais um estranho conhecido
E faço isso muito bem
O último grão de tempo acabou antes de cair o pano
E guardo nesses dias como nas gavetas de cima
A impressão que o tempo parou na nossa noite
Para atravessarmos a cidade na madrugada

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Último Poema da Pandora

Quanto tempo prosei com o silêncio
A saudade distante de mesa de bar
Que senti até o fio da alma ranger
Uma vontade doida de te abraçar
Saíste à tempo de mudar sua vida
Mas a minha aqui suspensa ficou
 Lhe acompanhei a cada passo em pensamento
E da calma de lhe esperar nada sobrou
Da calma aguda de quem espera a véspera
Restam as palavras ásperas de adeus sem amor

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Até onde consigo pisar e sentir

Eu fiquei nos borras esperando você
Até a poeira fina cobrir meu ombro
E a noite caiu como um desespero
Fazendo a fera que dorme embaixo da cama grunhir
O frio desceu até onde consigo pisar e sentir
E o papel que cravei um pedaço do coração com um lápis
Molhou bem onde escrevi que te amo
Do resto já esqueci

Eu tenho apenas esse papel amassado
E uma voz rouca da manhã
Quer me ouvir cantar na noite de sono?
Se você me deixar ir embora eu não volto
Então eu viro as costas e fico cego de você
E sentaria no campo pra chorar a tarde inteira
Até o frio descer onde consigo pisar e sentir
Mas logo eu levantaria
E colocaria a fera que dorme embaixo da cama para dormir

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Talude

Lançou ao mar para se afogar
Ali no meio da cortina d'água
Que batia um coração sem direção
Então abriu a boca para entrar o Oceano no peito
E logo suas veias ficaram salgadas
E sua barriga fria se fez de corais
E então foi de um lado ao outro
E se quebrou em espumas
Nas paredes do castelo de areia que era seu orgulho de rei
Que o lançara ao léo como âncora sem navio
Para descansar no talude fino e branco
Areia pura de amor e saudade

sábado, 13 de julho de 2013

Prumo Solar que Tange Meus Verticais

Prumo solar que tange meus verticais
Relevos de coração árido como serrado
Desagua felicidades em minhas veias
E sorrisos nos rostos da tarde mais bonita
Branca como um deserto de neve
Doce como nuvens de algodão
Seus suspiros ecoam pelos mares até o Japão
Onde a noite se veste de dia a cada madrugada
Suas idéias são límpidas como águas calmas